Redução de resíduos plásticos - INBS

3 práticas para reduzir a geração de resíduos plásticos

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Nunca se falou tanto sobre resíduos, especialmente os plásticos. Não é por menos, pesquisadores e estudiosos têm apontado o momento atual que vivemos, como a era do plástico, isto porquê, tem sido difícil imaginar algum local do nosso planeta Terra ou até mesmo fora dele em que não se encontre algum tipo de plástico vagando sem destino, fazendo o plástico ocupar uma posição de destaque entre os materiais mais abundantes já criado pelo ser humano.

Estimativas apontam que de três em três anos, cerca de 1 bilhão de toneladas de materiais plásticos são produzidos no mundo e todo este plástico está a modificar a superfície do planeta e pode vir a fazer parte da camada geológica da Terra no futuro. Neste sentido, os resíduos plásticos podem vir a fossilizar e ser considerados, em milhares de anos, como o vestígio da época em que vivemos.

O plástico revolucionou a indústria de fabricação de produtos e embalagens e as mesmas propriedades que tornam os plásticos tão úteis – a sua durabilidade e resistência à degradação – também os tornam quase impossíveis de se decomporem na natureza por completo, pois, por serem normalmente derivados do petróleo, apresentam alta resistência a processos de degradação. Neste sentido, a durabilidade dos plásticos e o seu potencial para várias aplicações, especialmente a sua utilização generalizada como artigos descartáveis, já eram esperados, mas os problemas associados ao gerenciamento destes resíduos, certamente não o foram.

Além disso, as estimativas de geração de resíduos sólidos no mundo revelam um cenário preocupante, pois para 2050, projeções apontam uma geração de 3,4 bilhões de toneladas por ano. Para se ter uma ideia, em 2016 a geração alcançou o patamar de 2 bilhões de toneladas por ano e se a tendência de geração se confirmar, podemos esperar um aumento de 70% dos resíduos sólidos gerados. No Brasil, o cenário não é diferente, pois em 2010 a geração de resíduos sólidos urbanos foi de 66,7 milhões de toneladas, já no último panorama sobre o setor publicado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) em 2021, a geração de resíduos sólidos urbanos foi de 82,4 milhões de toneladas.

E os índices de reciclagem estão longe de acompanhar ou mitigar os efeitos da alta geração de resíduos sólidos. No Brasil, estimativas oficiais apontam uma taxa de 3% de reciclagem da fração seca dos resíduos, enquanto os plásticos possuem a menor taxa de reciclagem entre os recicláveis, aproximadamente 22,10% segundo dados do Plano Nacional de Resíduos Sólidos.

Especificamente sobre os plásticos descartáveis, a produção continua elevada entre as grandes empresas e indústrias fabricantes de embalagens e produtos plásticos, de acordo com o último relatório publicado pela Fundação Ellen Macarthur em colaboração com o PNUMA sobre o Compromisso Global e do Pacto do Plástico.

O compromisso engloba mais de mil empresas, governos e outras organizações em uma visão comum de uma economia circular para os plásticos, na qual ele nunca se torne lixo. Os signatários do Compromisso Global, que juntos representam mais de 20% do mercado de embalagens plásticas, estabeleceram metas ambiciosas para 2025 para ajudar a concretizar essa visão comum. No entanto, embora estejam sendo realizados fortes progressos em algumas áreas, como a utilização de plástico reciclado, estima-se que as principais metas para 2025 não serão alcançadas e as embalagens plásticas continuam sendo produzidas em larga escala.

E o que podemos fazer para enfrentar esse cenário?

Neste ponto vale resgatar um conceito fundamental à sustentabilidade, que é conceito dos 3Rs da sustentabilidade. Provavelmente você já deve ter lido ou ouvido falar sobre eles, que se definem em ordem e prioridade em: reduzir, reutilizar e reciclar. Os 3rs da sustentabilidade são um conjunto de medidas e ações adotadas na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), para orientar uma atitude mais sustentável e consciente de consumo. Nos dias de hoje eles ganharam novos contornos e atualizações e podem ser encontrados englobados à muitos outros Rs, mas os três sempre estarão presentes independente da evolução do conceito.

Separados ou juntos, eles guiam ações que devemos priorizar frente ao consumo e consequente geração de resíduos. Ao praticar o primeiro R, de reduzir, exercemos o papel de reflexão e pensamento crítico sobre o consumo e todas as questões envolvidas. Sob a ótica dos plásticos, o importante é evitar o uso de plásticos – embalagens e produtos – descartáveis e de rápido consumo. É preciso deixar o uso de itens com essas características para momentos em que realmente há a necessidade. Outra questão, seria a reflexão sobre o consumo de itens que não são de rápido consumo e descarte, mas que em excesso, podem se configurar em um problema, como por exemplo, a compra de roupas com fibras sintéticas de plástico.

O próprio PNUMA recentemente alertou sobre a necessidade de mais reflexão antes da compra de roupas. Segundo eles, hoje em dia, a média de consumo de roupas por pessoa é 60% maior que 15 anos atrás e, cada peça dura a metade do tempo que costumava durar no passado. Além disso, o setor de vestuário é um dos mais poluentes em emissões de dióxido de carbono e as aquisições desnecessárias de roupas são uma das principais raízes do problema, ao passo que a demanda orienta a oferta. Sendo assim, praticar o primeiro R é sempre se atentar à reflexão e ao pensamento crítico da necessidade de aquisição de determinado produto ou embalagem fabricada a partir dos plásticos.

Já no que se refere à reutilização, o importante é a preferência por produtos ou embalagens que possam ser reutilizados inúmeras vezes, a fim de evitar o consumo de itens descartáveis. Essa medida visa manter em uso o maior tempo possível os materiais, a fim de reter os recursos utilizados durante o processo de fabricação e evitar que eles sejam descartados com um menor tempo de uso.

Essa ação converge com os princípios da economia circular, pois ao reutilizar algum item diferentes vezes, estaremos ajudando a reduzir a quantidade de resíduos produzidos, manteremos em circulação por mais tempo esses produtos e, estaremos ajudando na regeneração dos sistemas naturais, ao passo que a reutilização pode evitar que novos recursos sejam extraídos para a fabricação de novos produtos.

Quanto ao R da reciclagem, essa é uma das ações mais divulgadas, pois ela se define como uma ferramenta capaz de transformar os resíduos plásticos em insumos e novos produtos. Ademais, é uma ferramenta capaz de promover geração de emprego e renda. Porém, para que ela possa funcionar no total de sua capacidade para ajudar no combate à poluição plástica, é preciso que haja uma alimentação contínua de materiais aos sistemas produtivos das empresas de reciclagem e indústrias de transformação e, para isso acontecer, os resíduos plásticos precisam ser encaminhados corretamente – sem a mistura com resíduos orgânicos ou rejeitos – para as organizações ou agentes de coleta, triagem e comercialização de recicláveis, que são a base para o funcionamento das cadeias de reciclagem. Deste modo, a separação correta dos resíduos plásticos recicláveis é um dos principais fatores para a viabilização das práticas e processos da reciclagem.

Sendo assim, essas 3 ações colocadas em prática podem ajudar a reduzir a geração de resíduos plásticos, uma vez que juntas elas possuem um grande potencial de transformação de atitudes que fazem muita diferença no combate ao alto consumo de itens plásticos e consequente geração de resíduos plásticos.

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