Insustentável, a grosso modo, é aquilo ou algo que não se sustenta. Nos dias atuais estamos passando por um momento totalmente atípico e inesperado em toda a extensão do globo. Por aqui, em terras brasileiras, as medidas de enfrentamento à pandemia causada pelo nCOVID-19, popularmente conhecido como coronavírus, tiveram início.
Pandemias não são uma novidade, ainda que se fale apenas em pandemias gripais. Gripe Asiática, Gripe Espanhola, Gripe de Hong Kong e Gripe Suína são alguns exemplos de enfermidades que causaram infecções generalizadas em uma grande região do planeta e até mesmo no mundo como um todo.
Embora muito se discuta o fenômeno da globalização nos dias atuais e também em tempos passados, é notório e certo que a gritante velocidade de difusão do vírus pelo mundo, a partir da China, se deu pelas rápidas e dinâmicas formas de inter-relacionamento das pessoas, associadas às suas movimentações ao longo do globo.
Um dos maiores emblemas dos tempos atuais é a agilidade na propagação da informação. Este alto poder de comunicação permite que nações, regiões e pessoas se antecipem à crise existente em determinado local, buscando e implementando soluções apropriadas. Sem dúvidas, um fator essencial à superação, que tanto precisamos, da crise em questão.
Como ocorre em quase todas situações, há sempre pessoas que se utilizam de fatores benéficos para lograrem ou buscarem lograr algum tipo de vantagem, quase sempre financeira, em detrimento alheio.
Fazendo proveito deste rápido acesso à informação, a notícia de que uma pandemia se avizinhava, associada ao conhecimento da realidade vivenciada pelos primeiros países a enfrentarem o coronavírus, desencadearam em várias pessoas a ânsia pela obtenção de lucro de uma forma totalmente irresponsável e na contramão de qualquer pensamento altruísta em prol da coletividade.
Assim, em todo o mundo, inclusive no Brasil, inúmeras pessoas se anteciparam e adquiriram quantidades excessivas de produtos considerados essenciais à prevenção e ao combate ao COVID-19. Não para o – impossível, devido à quantidade – uso próprio ou de familiares, mas para a comercialização em tempos de escassez a preços espantosos e totalmente impraticáveis em tempos de “tranquilidade”.
Voltamos então à primeira frase deste sucinto texto. Insustentável é aquilo que não se sustenta. Neste caso, frente a tais abusividades e desumanidade, em tempos de calamidade pública e falência dos sistemas de saúde tanto públicos quanto privados, a insustentabilidade é ética e humana – esta última não enquanto raça, mas como prática do sentimento de humanidade.
E a mazela não para por aí. Existem casos ainda piores. Diversas pessoas estão sendo detidas pela falsificação de álcool em gel. Sim, em momentos de extrema necessidade, alguns se comportam de forma a colocar em risco a saúde e até mesmo a vida de inúmeras pessoas que, de boa fé, adquirem um produto falso acreditando ser legítimo e verdadeiro.
O lucro é necessário. Faz bem à economia, à sociedade e às pessoas, desde que obtido por meios lícitos e éticos. Quando alguém se propõe a explorar as necessidades de terceiros, elevando assustadoramente preços de produtos essenciais e em falta, ou então, falseando-os, ainda mais em tempos tão escassos, tem-se a clara e límpida face da insustentabilidade humana.