The Game of Sustainability é uma Série de 5 capítulos eletrizantes sobre algumas construções sustentáveis, suas vantagens, desvantagens e dicas importantes para construir de forma mais econômica e mais amiga do meio ambiente.
Primeiro Episódio: O Contêiner.
Você já viu uma construção de contêiner? Ao caminhar pelas ruas de várias cidades, já conseguimos ver alguns locais, como cafés, bares, restaurantes, escritórios, entre outros, em que a construção é feita com contêineres agrupados, às vezes até empilhados, formando um edifício único no terreno.
Esses tipos de construções têm recebido cada vez mais adeptos, por conta de várias vantagens que esse sistema de construção possibilita.
Grosso modo, um contêiner nada mais é que uma caixa feita de aço, alumínio ou fibra muito bem estruturada, que pode resistir ao uso constante de transporte de mercadorias de diversos tipos e, normalmente, seu transporte se dá pelo mar. Ele é projetado para resistir muito bem à chuva, maresia e outras intempéries, sendo resistente até a incêndios.
A maioria dos contêineres marítimos são feitos de aço corten, muito resistente à corrosão. Porém, apesar de toda essa resistência, sua vida útil como transporte de mercadorias pelo mar é de apenas 8 anos. Após isso, fica “sobrando” sem utilidade ou vazios, ocupando espaço nos portos.
É muito caro trazer o contêiner vazio para o seu lugar de origem. Na maioria das vezes, é mais barato para a empresa comprar um contêiner novo do que trazer o vazio de volta e recondicioná-lo. Dessa forma, gera um excedente que pode ser reutilizado com outra função como, por exemplo, moradia, escritório, loja, bar, ou até mesmo um abrigo de emergência.
Esta prática da utilização de contêineres é muito comum na Europa e principalmente no Japão, onde se trabalha muito com construções de módulos facilitando seu deslocamento e a expansão do projeto com facilidade.
As medidas dos contêineres são medidas em pés (de 20 a 40 pés). Considerando essas dimensões em metros, é comum encontrar nas medidas: 6m(C) x 2,40m(H) x 2,60m(L) e 12m (C)x2,40m(H) x 2,90m(L).
Quando o contêiner se torna a material base de um projeto arquitetônico, consideramos essa obra sustentável, pois se está reutilizando um material que seria descartado ou estaria sem uso, ocupando espaço em algum porto. Dessa forma, ele passa a ter uma outra função e uma vida útil muito maior do que a designada inicialmente. Por conta disso, seu baixo custo para compra e seu transporte até o local de implantação, torna a ideia bastante atrativa.
Parece que este episódio caminha para um final feliz! Porém, surge neste momento uma tensão inesperada na história: alguns perigos espreitam ao se projetar e utilizar esse material sem considerar algumas questões. Sim, todo sistema construtivo pode ser herói ou vilão, e a grande “sacada” de qualquer projeto é saber qual e quando um determinado sistema será o salvador numa dada situação.
A aventura de projetar e construir com contêiner fica então mais eletrizante quando começamos a considerar a maneira com que ele é fabricado, pois isso pode encarecer o seu processo de adaptação para um local habitável. Logo de cara já percebemos que seu espaço é limitado e pode trazer algumas dificuldades de se projetar e de se encontrar a modulação adequada para seu interior. O espaço do contêiner nem sempre é muito confortável para determinados fins, e encontramos até objeções de legislações municipais, que especificam determinadas aberturas que o contêiner, por natureza, não tem. Ele também é um excelente condutor de calor e péssimo isolante acústico, necessitando de um bom projeto de isolamento acústico e térmico, para melhorar seu conforto interno.
Além disso, as tintas utilizadas para a fabricação do contêiner normalmente contêm componentes químicos pesados. Elas o tornam mais protegidos e aumentam o tempo de vida no seu transporte. Mas esses produtos são prejudiciais para a nossa saúde. Portanto, o contêiner deve passar por um processo de jateamento na sua estrutura, que é a forma de limpeza dessa tinta tóxica. Para tanto, utiliza-se um jato de areia, óxido de alumínio ou granalha de aço (partículas de aço abrasivos de vários tamanhos e durezas).
Como se não bastasse, as superfícies internas do contêiner podem ter sido, em seu tempo de uso em transportes, expostas a inseticidas altamente tóxicos que precisam ser retirados, para que a caixa possa se tornar habitável.
O Contêiner requer uma mão especializada para torna-lo este módulo habitável, principalmente para os cortes para fazer as esquadrias.
Mas, com uma mão de obra especializada, nosso herói reage, e mostra que, afinal, é extremamente forte, podendo ser empilhado formando até 15 andares, suportando 216 toneladas. Os contêineres que funcionavam como estruturas de refrigeração os chamados Reefer, nas docas, tem uma proteção térmica muito melhor, embora o custo dele seja mais elevado.
O contêiner pode chegar ao local de implantação, 100% pronto, tornando uma opção bastante versátil e prática nesse sentido. A obra é mais limpa do que uma convencional, gera menos entulhos, porque é o menor uso de areia, tijolo, cimento, água, ferro.
Na maioria das vezes não requer serviços de fundação e pouca terraplenagem (dependendo pode ser até nula) o que gera uma economia nessas etapas da obra.
O formato e a localização a localização do terreno devem ser favoráveis para manobras do guindaste que vai erguer e posicionar o contêiner no local correto. Por isso, é importante ter um plano de topografia, rede de esgoto, energia e desenhos estruturais para adequar este módulo para habitação, principalmente para abrir as portas e janelas.
Se houver uma boa manutenção, um módulo de contêiner pode durar até 90 anos.
Final feliz? Depende…
Esse tipo de construção é considerado um sistema sustentável porque o material é reutilizado para outro fim, tornando a vida útil maior. Porém, se o projeto vislumbrar um uso intenso de ar condicionado, por exemplo, ou seja, um uso maior de energia elétrica, o sistema perde a ideia de sustentabilidade. Um projeto deve privilegiar, em todo o ciclo de planejamento e obra, o conforto passivo para quem vai utilizá-lo.
Dessa forma, um sistema de construção dessa pode chegar até 30% mais barato do que um sistema de construção convencional.
Portanto, de olho no projeto, para não transformar o mocinho em bandido.
Fontes:
https://engenheironaweb.com/2017/07/29/11-vantagens-e-7-desvantagens-de-construir-com-containers/ 04/02/2021 15:30
https://www.casadicas.com.br/projeto/projetos-casas-container-vantagens-e-desvantagens.html (foto 1) 05/02/2021 10:13
https://cobizz.com.br/2018/11/14/para-os-jovens-comprar-uma-casa-container-e-uma-excelente-opcao/ (foto 2) 05/02/2021 12:00