Sustentabilidade nos negócios – A sustentabilidade tal qual conhecemos como a preservação dos recursos naturais que, deve suprir as necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade das gerações futuras de suprir as suas é a definição seminal do conceito.
No entanto, nos últimos anos o conceito ganhou novos contornos, especialmente no cenário do empreendedorismo. Não que ele tenha mudado, mas foram incorporadas novas definições.
No empreendedorismo atual, a sustentabilidade é vista como um processo de transformação de valores e mudança de comportamento. Passou-se de uma mentalidade de “business as usual” que visava somente o lucro para modelos de negócio com gestão sustentável e consequente geração de valor.
Essa transição nos negócios ainda se baseia na compreensão de que o planeta não comporta mais os excessos cometidos no passado e que é preciso repensar a maneira de se comprar, produzir, negociar e vender.
Além disso, pesquisas recentes apontam para um consumidor cada vez mais atento e direcionado a adoção de hábitos sustentáveis, o que reflete diretamente no consumo; não somente o consumo do produto em si, mas como e de quem consumir.
Pesquisa recente publicada pela agência Opinion Box, revelou que 75% dos consumidores afirmam que empresas que possuem práticas sustentáveis têm mais chances de conquistá-los como clientes. Ademais, pesquisa publicada pelo Instituto Akatu revelou que 86% dos brasileiros querem reduzir seus impactos pessoais no meio ambiente e que 60% estão dispostos a pagar mais caro por marcas comprometidas com causas socioambientais.
Em se tratando de tendência de mercado, Larry Fink, presidente do Conselho de Administração e diretor executivo da BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, tem sido um dos principais direcionadores da sustentabilidade corporativa, especialmente no mercado financeiro. O ponto importante levantado em suas cartas anuais no cenário das finanças sustentáveis, é a de que é preciso saber gerenciar e equacionar os impactos das atividades das organizações, pois é nelas que residem os investimentos e através delas que são conduzidos os relacionamentos mútuos entre os empreendedores, funcionários, clientes, fornecedores e comunidades nos quais as empresas dependem para prosperar.
A própria Conferência das Partes (COP-27), realizada em novembro deste ano no Egito pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), reiterou a urgente necessidade de continuar os esforços para limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5ºC. Ainda que tenha faltado profundida nas negociações sobre a manutenção de modelos lineares incompatíveis com os direcionamentos da sustentabilidade e a redução das emissões de gases de efeito estufa, o evento mantém e reforça a necessidade do enfrentamento de inúmeros desafios na área socioambiental, onde as organizações possuem papel fundamental neste cenário.
E ao partirmos para o recorte das pequenas e médias empresas do Brasil, estamos falando de cerca de 94% das 20,6 milhões de empresas no país. A sustentabilidade para esses empreendimentos não tem relação apenas como mecanismo de sobrevivência e capacidade de adaptação dessas organizações, mas vai além por se tratar do impacto que elas geram nos seus ecossistemas.
É comum visualizarmos os impactos ambientais e sociais das grandes empresas e a necessidade da existência interna de um departamento de sustentabilidade e a realização e publicação de relatórios anuais sobre a sustentabilidade dessas organizações, mas a maioria dos empreendimentos brasileiros são compostos de pequenos negócios e estes, são responsáveis por fortes dinamismos econômicos e sustentáveis, possuem papel fundamental na construção de um ecossistema social e econômico em suas comunidades e, geram impactos como qualquer outra atividade, o que inclui a geração de resíduos e consumo de recursos como água e energia, por exemplo.
Ou seja, ainda que de menor porte, por serem a maioria, os pequenos e médios negócios afetam a natureza e a sociedade de diversas maneiras e diferentes graus e, por isso, tem grande importância e um papel fundamental no enfrentamento dos problemas relacionados ao meio ambiente.
Além disso, frente as características dimensionais destes negócios, pode ser menos trabalhosa a incorporação de práticas sustentáveis que tornem os pequenos e médios mais sustentáveis e menos impactantes junto à soma das grandes corporações.
Neste sentido, seguem algumas dicas práticas de como incorporar a sustentabilidade nos pequenos e médios negócios, para além da criação de uma agenda sustentável com estratégias, metas, métricas e projetos:
– Engajar os stakeholders para a sustentabilidade;
– Trabalhar internamente os colaboradores para as práticas em sustentabilidade;
– Dar preferência a contratação de fornecedores locais;
– Separação correta dos resíduos gerados pelo empreendimento (perigosos e não perigosos);
– Controlar o consumo de recursos como água, energia etc.;
– Dar preferência para a contratação de mão de obra local;
– Optar por materiais e equipamentos de origem reciclada;
– Buscar por embalagens mais sustentáveis (quando for o caso);
– Revisão de práticas e processos para melhorias contínuas e;
– Buscar e capacitar (quando possível) seus fornecedores.
Por fim, é preciso compreender que a sustentabilidade para os pequenos e médios negócios já é um mecanismo de sobrevivência para a minimização de riscos e, é promotora da geração de valor para esses negócios em um mundo em constante transformação e evolução das suas necessidades.