As agendas ESG já estão entre os temas mais falados e discutidos nos últimos anos dentro da mídia de temas corporativos. Falar sobre essa sigla que envolve questões ambientais, sociais e de governança corporativa virou uma responsabilidade por parte das empresas, a fim de mostrar que se posicionam a favor de um desenvolvimento mais sustentável e conjunto com seus stakeholders.
Um dos principais fatores geradores dessa agenda e que tem um impacto muito importante nas frentes de sustentabilidade é o aquecimento global, que como sabemos é amplamente potencializado pela emissão dos GEE (Gases de efeito estufa). Um terço das emissões desses gases tóxicos são geradas pelos automóveis, que além desse impacto ambiental crítico, já geraram alertas por parte da OMS (Organização mundial da saúde) quanto a evidência dos riscos de morte por conta de doenças cardiopulmonares relacionadas a inalação do material particulado emitido pelos veículos.
Dentro desse tema, uma das saídas mais comentadas e aderentes com as agendas ESG com menor impacto negativo é a mobilidade elétrica, plataforma que faz parte de diversas discussões na cúpula do clima, onde os países tem se alinhado para assumir compromissos de transição da mobilidade à queima de combustíveis fosseis para a elétrica.
Montadoras como FORD e Volkswagen já vieram publicamente e assumiram compromissos de entre os anos de 2030 e 2035, parar de produzir veículos a combustão em alguns locais do mundo como EUA e Europa, e essa frente nos mostra um impacto sob o qual deve ser visto o distanciamento da meta de neutralizar as emissões dos gases de efeito estufa. Olhando para o Brasil, devemos levar em consideração que conforme um estudo realizado pelo Boston Consulting Group (BCG), em 2030 apenas 10% da frota de veículos nacionais deverá ser movida à energia elétrica, com um trajeto bem mais lento do que o resto do mundo, que em alguns lugares como EUA, China e União Europeia pretendem antes disso ter ao menos 50% da frota já eletrificada.
De fato, sem a aceleração da mobilidade elétrica no país, a neutralização dos gases de efeito estufa é praticamente impossível, portanto o Brasil precisa gerir e planejar estratégias de infraestrutura, além de estabelecer políticas sólidas a fim de oferecer planos de incentivo, estrutura de recarga e conhecimento amplo da população para detalhar as vantagens da mudança do perfil de mobilidade. Também é fato que com a demora na recepção da nova plataforma de mobilidade, a transição será ainda mais demorada, visto que em nosso país convivemos com veículos de muitos anos de fabricação circulando, onde por mais que o Brasil obtenha o emplacamento de 100% dos veículos elétricos em determinado momento, até que toda a transição seja realizada, devem levar ainda vários anos.
O Brasil tem uma vantagem competitiva importante no tema quanto a matriz energética, que em 2020 já era representada por 83% de fontes renováveis e olhando para as agendas ESG, essa matriz renovável e limpa é um passo de governança importante para que a mobilidade elétrica seja implementada de forma sólida e realmente com baixo impacto ambiental. Uma evolução constante nas fontes eólicas e solares será um grande caminho no desenvolvimento da mobilidade elétrica nacional e com isso pode impulsionar o crescimento de veículos elétricos no país, excedendo as expectativas.
Está claro que o Brasil, ainda está engatinhando na corrida pela mobilidade elétrica, porém, o envolvimento das empresas nas agendas ESG através dos compromissos firmados, é um agente impulsionador importante pois a partir do momento em que essas passarem a comprar a ideia de frotas elétricas (como algumas já vem fazendo) a competitividade na busca desses veículos aumentará e com isso o direcionamento estrutural para a nova plataforma de mobilidade será visto com maior priorização.