Segundo os dados da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), o mundo já possui mais capacidade instalada de energia solar e eólica, juntas, que de hidrelétricas.
A geração elétrica é uma necessidade da civilização humana e, dentre as tecnologias movidas por fontes de energia renováveis, a geração hídrica sempre manteve a liderança do segmento.
Em 2019, 47% de toda a energia renovável consumida no mundo foi produzida pela força das águas, quase o dobro da segunda colocada, a eólica, com 25%.
Nos últimos anos, entretanto, a queda de preços e os avanços nas tecnologias de energia solar fotovoltaica e eólica estão transformando esse cenário e quebrando o reinado das hidrelétricas.
Juntas, as fontes responderam por 89% dos 176 GW de nova energia verde instalada em 2019, sendo 89 GW somente de placas fotovoltaicas.
De acordo com a IRENA, também foi o primeiro ano em que as capacidades acumuladas da solar (586 Gigawatts) e eólica (623 GW) somaram mais que o total hidrelétrico (1.190 GW).
Uma transformação incrível do setor elétrico mundial ocorrida em pouco tempo.
Dez anos atrás, o total de energia hídrica instalada no mundo ainda era quatro vezes mais que as capacidades solar e eólica juntas.
A mesma tendência é observada na matriz elétrica brasileira, que nos últimos anos registra uma mudança entre as suas maiores geradoras.
Em março de 2019, por exemplo, a potência instalada de grandes usinas solares ultrapassou a de termelétricas nucleares e alcançou a sétima posição no ranking.
Pouco mais de um ano depois, a energia solar também já tinha ultrapassado a produção por carvão mineral, impulsionada pelo número crescente de sistemas de geração distribuída no país.
Hoje, essa capacidade total da solar é de quase 8 GW, segundo levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), próxima de superar a produção por petróleo, quinta colocada no mix do país com 9,2 GW.
Além da necessária transição sustentável do setor elétrico, essa revolução trazida pela solar também marca o início do empoderamento dos próprios consumidores de energia.
Da geração total por placas solares no país, 60% é feita através dos telhados dos brasileiros, seja em casas, empresas, agronegócios ou qualquer outro imóvel.
Com a possibilidade de reduzir a conta em até 95% e imunizá-la da inflação energética, os sistemas fotovoltaicos atraíram os consumidores cansados de uma energia cara e ineficiente.
A solução que já era boa ficou ainda mais atraente depois dos impactos da Covid-19 sobre o setor elétrico, que geraram novos aumentos nas faturas pelos próximos cinco anos.
Previsões oficiais indicam um caminho de crescimento contínuo e maior destaque para a fonte solar no futuro da geração elétrica brasileira.
De acordo com o último planejamento elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), até 2029 a participação das energias solar e eólica irá aumentar, enquanto a de hidrelétricas irá cair.