Cidades | No auge do da industrialização fordista no mundo, início do século XX, nos EUA, uma visão da expansão da urbanização se desenrolava naquele país. A escritora estadunidense Jane Jacobs escrevia “Morte e Vida das Grandes Cidades” e apontava como a expansão da urbanização e da industrialização transformava as cidades estadunidenses. O tecido urbano era rasgado para substituir as ruas de pedestres pelas grandes avenidas destinadas aos automóveis.

Esse modelo de urbanização foi exportado para várias partes do mundo, o Brasil adota essas perspectivas para suas grandes metrópoles na segunda metade do século XX, o Rio de Janeiro foi um desses exemplos. Ainda como capital federal, o início do referido século foi de intensas alterações urbanísticas na paisagem carioca, a maior delas foi a Reforma Passos. Buscando transforma a urbe carioca em uma “Paris dos Trópicos”, as reformas urbanas de Paris no final do século XIX foram as grandes referências para a capital que tinha o objetivo de se modernizar, sair do passado colonial/imperial para a modernidade republicana, como apontou o geógrafo Maurício de Abreu.

Mas com o desenrolar dos anos, a cidade crescia junto com a industrialização, a influência francesa é substituída pela estadunidense. Com isso, outra forma de pensar as cidades foi posto, aquele que foi apontado por Jane Jacobs nos EUA. A partir dos anos de 1960 a cidade vive seu maior exemplo de expansão urbana, em 1969 o Plano Lucio Costa para a Barra da Tijuca ganha forma, um projeto modernista e adaptado para uma cidade rodoviarista. É inegável o relativo sucesso desse projeto, hoje é um dos bairros mais valorizados da cidade e concentrando modernos serviços e comércios.

A questão é, qual é o custo desse processo de urbanização? O custo social e ambiental foi grande, a segregação socioespacial foi latente, a divisão entre ricos e pobres aumentou nas grandes metrópoles. O custo ambiental é igualmente negativo, um modelo de cidade adaptado ao automóvel que queima combustível fóssil.

É mais que necessário repensar este modelo, é preciso reocupar os centros das cidades, que foram esvaziados por um processo de expansão do tecido urbano. Diminuir a expansão das nossas cidades que custam vidas humanas, desmatamento e aumento da poluição é uma necessidade. O custo financeiro para sustentar esse atual modelo é muito alto, volumosas verbas seriam gastas  para que a justiça social fosse realizada, sendo que diversas infraestruturas foram abandonadas em localidades centrais das metrópoles e grandes cidades que poderia ser aproveitado para reequilibrar a moradia.