Um olhar para o histórico de diferentes variáveis meteorológicas pode nos auxiliar no planejamento e na tomada de decisão com relação à identificação de riscos climáticos. Esta semana, gostaríamos de abordar este tema do ponto de vista do setor de distribuição e transmissão de energia elétrica. No início de 2022, a Climatempo fez uma parceria com a Enel Brasil com o objetivo de avaliar as condições meteorológicas que impactam as áreas de concessão da empresa.
Impactos no setor de energia
De maneira geral, pode-se dizer que o setor de distribuição de energia é mais afetado pela chuva, vento e descargas atmosféricas, enquanto que o de transmissão é mais afetado por descargas atmosféricas, vento forte e pelo material particulado que é liberado das queimadas.
Juntamente com a Enel Brasil, a Climatempo analisou o histórico de raios, de queimadas, de chuva, rajadas de vento e também as interrupções de energia que são causadas por fenômenos ambientais sobre as áreas de concessão da empresa com o objetivo de entender quais eram as principais regiões de ocorrência destes fenômenos e qual sua intensidade.
Como resultado deste estudo, podemos perceber na figura 1 o número de dias em que houve chuvas e rajadas de vento acima do percentil 90 na última década no Ceará, ou seja, considerando apenas os eventos mais intensos que atingiram a área de concessão da empresa. Podemos perceber uma clara região no noroeste do estado onde a chuva acontece com mais frequência, ultrapassando 100 dias de eventos intensos na última década. Da mesma forma, podemos perceber regiões onde há menos dias com chuva intensa e rajadas de vento significativas.
Figura 1 – Número de dias com chuva e rajada de vento acima do percentil 90 entre 2011 e 2020.
Já para o caso de Goiás, avaliamos também a incidência de raios e queimadas no estado. A figura 2 mostra a ocorrência total de raios que atingiram o solo e a ocorrência de queimadas. Da mesma maneira que a chuva e rajadas de vento, podemos perceber duas principais regiões para a ocorrência de raios nuvem solo na área de concessão de Goiás, sendo no noroeste e no sul do estado. Enquanto que, com relação a queimadas, percebe-se uma maior ocorrência no nordeste e parte do sudeste do estado.
Figura 2 – Densidade de raios nuvem solo e queimadas no estado de Goiás.
Além da caracterização espacial da ocorrência destes fenômenos, também foi avaliado a evolução temporal dessas variáveis, verificando se o clima está se alterando na região das áreas de concessão da Enel e quais são as regiões que estão sendo mais afetadas pelo aumento/diminuição dos raios, por exemplo.
Por que isso é importante
Este tipo de estudo é interessante em diversos aspectos. O primeiro deles é em termos de planejamento, onde a empresa conhece as regiões mais impactadas e pode estruturar ações para mitigação destes impactos. Da mesma maneira, estas informações servem como guia para a empresa direcionar seus investimentos, melhorando a infraestrutura da rede nas regiões de maior atenção, podendo inclusive procurar novas tecnologias que auxiliem na diminuição dos impactos.
Com a melhora da rede, a empresa também se torna mais resiliente às perturbações atmosféricas e melhora os indicadores de continuidade, como, por exemplo, o DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Consumidor) e o FEC (Frequência Equivalente de Interrupção por Consumidor).
Além do olhar histórico, é importante olhar para o futuro. Atualmente, o conjunto de modelos determinado como CMIP6 são os mais atuais em termos de identificação de tendências futuras climáticas. A Climatempo possui uma metodologia própria para identificação dos melhores modelos de projeção climática para cada região do Brasil e também tem grande experiência no auxílio da identificação, quantificação e monitoramento de indicadores climáticos extremos. Caso queira saber mais, entre em contato conosco clicando aqui.