Resíduos sólidos – A National Aeronautics and Space Administration (NASA) divulgou recentemente uma animação que mostra o aumento do nível do mar nos últimos 30 anos através de uma escotilha. A animação mostra o aumento desde 1993 até 2022 e, segundo a agência, o aumento foi de nove centímetros na média global.

O nível do mar é aferido por satélites e o aumento do nível do mar é um dos principais sinais das mudanças climáticas, que neste caso em específico, tem como causas o derretimento das geleiras e a dilatação térmica, que é quando o volume de água se expande por causa do calor.

Esse exemplo é apenas um recorte específico dentro de um cenário complexo e imbuído de inúmeras variáveis e, dentro deste universo temos também os desafios climáticos provenientes dos resíduos, sobretudo aqueles que ainda não são absorvidos e equacionados após o consumo e o descarte.

Mesmo após o descarte correto por parte da população entre rejeitos, orgânicos e recicláveis, muitos resíduos acabam sendo triados por força de trabalho e energia de muitos agentes ambientais posicionados nas operações de coleta e triagem, mas acabam ficando sem destino adequado dentro da lógica da economia circular.

A lógica da economia circular traz no seu cerne a circularidade dos materiais orgânicos e inorgânicos em ciclos e por diferentes ferramentas. No entanto, como operacionalizar essa teoria de maneira ampla e contundente em um cenário em que especialmente quando lidamos com resíduos sólidos domiciliares, vemos muitos materiais – embalagens – provenientes de uma produção linear ou que simplesmente parecem ignorar as circunstâncias atuais por mudanças nos padrões de produção e consumo?

Para além disso, temos também a necessidade de cautela na inovação de produtos e embalagens que levam menos tempo para se (bio) degradar, pois se não equacionadas corretamente em condições específicas, podem se somar aos desafios e problemas já conhecidos, uma vez que não há garantia de degradação.

É preciso, desde sempre, uma análise acurada e holística sobre as cadeias de fabricação pré e pós-consumo, pois o alinhamento e sincronicidade (ainda que indireto) entre elas é que de fato efetivarão os ganhos que a sociedade precisa, como: mitigação dos efeitos das mudanças climáticas pela reciclagem, descarbonização, implementação de práticas sustentáveis em diferentes setores, criação de agendas ESG e, por fim, o cumprimento das metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

E o que é preciso para direcionar esse cenário a esses ganhos?

São vários fatores, dentre os quais destaco: investimento público e privado em diferentes níveis das cadeias envolvidas no gerenciamento dos resíduos, a começar pelo fomento aos agentes ambientais posicionados nas operações de coleta e triagem, investimento em infraestrutura adequada para gerenciamento de resíduos orgânicos e recicláveis pós-consumo, ênfase na análise do ciclo de vida dos produtos (especialmente aos novos materiais), redesign de embalagens e produtos para a circularidade (homogeneização e utilização de conteúdo reciclado), investimento em embalagens e produtos que já possuam infraestrutura de gerenciamento pós-consumo consolidada, fomento à políticas públicas que beneficiem as ferramentas de economia circular, a exemplo, a recente aprovação do Projeto de Lei que propõe a redução de 5% para 2% do Imposto sobre Serviços (ISS) pago pelos catadores de material reciclável em Curitiba/PR, incentivos fiscais às cadeias de reciclagem e, fomento público e privado à organização da logística reversa em geral.