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O desafio dos resíduos turísticos

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Resíduos turísticos – Com a volta das viagens após a pandemia, precisamos falar sobre o turismo e a consequente geração de resíduos.

O turismo é um setor que tem sinalizado crescimento expressivo no último ano, ainda que nos últimos anos tenha sofrido um grande decréscimo durante esse período que passamos. Na ocasião, o setor sofreu o maior impacto em virtude das medidas de isolamento e contenção da doença, o que ocasionou grandes perdas econômicas e sociais.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que o setor de turismo segue em ritmo de crescimento e acumula uma alta de 36,9% no volume de serviços de janeiro a setembro, em comparação com o mesmo período de 2021 [1].

Em 2022, o resultado positivo foi impulsionado pelo aumento na receita, principalmente de empresas que atuam nos segmentos de transporte aéreo de passageiros, restaurantes, hotéis e locação de automóveis. Ainda segundo os dados, todas as 12 Unidades da Federação que integram o Índice de Atividades Turísticas registraram taxas positivas no período, com destaque para Minas Gerais (58,7%), Rio Grande do Sul (47,6%), Ceará (47,5%), São Paulo (44,3%) e Santa Catarina (36,9%) que alcançaram índice igual ou superior à média nacional (36,9%).

Para além da importância e dos resultados positivos do turismo para muitas comunidades e para o país como um todo, é preciso discutir e destacar os problemas relacionados aos resíduos gerados por essa grande movimentação no setor e os impactos do descarte inadequado.

Na academia, é possível encontrar artigos científicos relatando a correlação entre o turismo e os impactos socioambientais consequentemente ocasionados. Principalmente em localidades litorâneas, o impacto socioambiental é evidenciado em maior grau. Em alguns casos, como Ilhabela (SP), a população passa de 40 mil para 120 mil habitantes durante a temporada de veraneio [2]. Em Guaratuba (PR), a população sobe de 35 mil para 300 mil durante algumas temporadas.

Neste sentido, é compreensível que o montante de lixo gerado nesses municípios turísticos aumente demasiadamente, mas e esses municípios? Estão preparados para lidar com esse aumento da geração de resíduos? Possuem infraestrutura adequada para o gerenciamento desse volume de resíduos gerados?

Apesar de avanços, certamente ainda há muitos desafios referente a essa correlação, pois é grande o impacto da geração de resíduos em cidades turísticas, como por exemplo, Balneário Camboriú, que na virada do ano viu sua população ir de 125 mil para 700 mil pessoas e no dia seguinte precisou organizar uma força-tarefa para recolher os resíduos deixados pelas pessoas, o que resultou na necessidade de 27 caminhões de lixo para a limpeza da praia principal do balneário [3].

Frente a isso, vemos um aumento da intenção de cobranças da taxa de turismo em alguns municípios brasileiros a fim de compensar os impactos negativos do turismo. Atualmente municípios como Fernando de Noronha (PE), Jijoca de Jericoacoara (CE) e Bombinhas (SC) já possuem uma taxa de turismo ou Taxa de Preservação Ambiental (TPA) instaurada.

Recentemente, a cidade de Ubatuba (SP) no litoral paulista, passou a cobrar a respectiva TPA para lidar justamente com o problema da geração excessiva de resíduos durante os períodos de verão e feriados prolongados. Sendo assim, o município agora cobra uma taxa diária dos veículos de turistas.

Durante as altas temporadas, o município registra grandes quantidades de lixo espalhadas pelas ruas, praias e orlas da cidade, justamente pela falta de planejamento adequado para lidar com o problema nestas épocas. Segundo dados da prefeitura, Ubatuba produz 42 mil toneladas de lixo anualmente, 25% concentrados em dezembro e janeiro. Ademais, no período, a cidade de 93 mil habitantes no litoral norte, com cerca de cem praias, tem multiplicada em várias vezes a população – que atingiu 500 mil pessoas só na virada do ano [4].

Diante da cobrança, o município espera conseguir promover maior sustentabilidade econômico-financeira para os serviços operacionais da coleta dos resíduos, visto que tais processos consomem cerca de 7% da receita total do município e só uma parte é coberta pela taxa municipal específica.

Contudo, apesar das inúmeras justificativas pela cobrança e pela própria existência da cobrança em alguns municípios, algumas análises sobre as cidades com melhor pontuação no Índice de Sustentabilidade de Limpeza Urbana da edição de 2022 da cooperação entre a PricewaterhouseCoopers (PwC) e o Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (SELURB), revela que nenhuma dessas cidades conseguiu alcançar pontuação semelhante aos municípios mais bem pontuados, dada as devidas proporções populacionais e critérios adotados pela análise [5].

Assim, esse tipo de análise reforça que, mesmo após a cobrança da TPA, muitos municípios ainda enfrentam desafios com relação ao gerenciamento dos resíduos gerados em suas localidades, especialmente em períodos de alta temporada e que, apesar de legítima a cobrança do tributo por parte da municipalidade, ainda há algumas controvérsias sobre a real empregabilidade desses recursos para a manutenção e diminuição dos impactos provenientes do turismo.

Neste caso, é preciso uma abordagem interdisciplinar sobre as diferentes variáveis envolvidas e, se possível, uma abordagem com atuação de diferentes agentes no combate aos problemas ocasionados pelos resíduos nestes destinos turísticos, com a finalidade de promover cada vez mais um turismo regenerativo, que tem como eixos a promoção da cultura, economia circular, fomento à gastronomia local, mudança de mindset voltado para o cuidado com a natureza local, dentre muitas outras abordagens.

É preciso o fomento de ações conjuntas que mobilizem diversos atores no alcance de um turismo menos impactante, principalmente em regiões litorâneas, onde o acesso dos resíduos a rios e mares é maior e que podem ocasionar diferentes graus de perturbação e poluição nos ecossistemas marinhos.

Referências:

[1]https://www.gov.br/pt-br/noticias/viagens-e-turismo/2022/11/turismo-acumula-alta-de-36-9-em-2022

[2] GRECHINSKI, P. T., GOVEIA, E. F. Turismo em ambientes costeiros e o combate ao lixo no mar. Turismo e Sociedade, v. 14, n. 1, p. 22-41, 2021.

[3] https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2023/01/01/forca-tarefa-recolhe-lixo-em-praia-alargada-de-balneario-camboriu-apos-recorde-de-publico-em-reveillon-fotos.ghtml

[4] https://www.gazetasp.com.br/estado/ubatuba-cobrara-taxa-de-turistas-para-lidar-com-problema-do-lixo/1119718/

[5] https://selur.org.br/

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