BIM (Building Information Modeling) – Desde a época do surgimento do Auto Cad, muitos arquitetos aposentaram suas pranchetas, transferidores, réguas “T”, etc, e se adequaram para utilizar os computadores como ferramentas para projetar.
Embora alguns ainda lamentem que “se perdeu aquela beleza artesanal” no ato de fazer os projetos, é fato que esses programas garantiram maior agilidade e precisão, também possibilitando ao arquiteto gastar menos tempo nas alterações e adequações, sempre presentes em todo processo de elaboração.
Contudo, não demorou e o próprio AutoCad passou a não atender mais às demandas de trabalho dos arquitetos, pois, apesar de ser um poderoso software de desenho técnico, não oferece um ambiente específico de modelagem arquitetônica.
Surgiu então uma nova geração de softwares, o sistema BIM (Building Information Modeling), trazendo uma nova linha de pensamento e execução de projetos. Eles propõem um ambiente parametrizado, ou seja, tudo que é projetado em 2D, será gerado simultaneamente em 3D. Viabilizam também o trabalho colaborativo com os diversos especialistas que atuam na obra, conectando, desse modo, todos os projetos complementares de uma forma muito organizada, diminuindo a possibilidade de erros.
Essa nova forma de projetar vem de encontro com o que a arquitetura sustentável se propõe a fazer (já, de início, traz o conceito de “modelar” um edifício e não o tratar exclusivamente como um desenho), dando ao projeto uma enorme agilidade e visão de conjunto, ajudando a especificar precisamente o sistema construtivo, tanto qualitativa quanto quantitativamente.
Como comentei em textos anteriores, o projeto sustentável exige um planejamento preciso, desde sua concepção de projeto, passando pela execução da obra e até planejamento da“pós vida útil” do edifício.
Desse modo, o Sistema BIM possui grande aderência aos trabalhos dos arquitetos dessa área. Projetos ecológicos preveem a maior quantidade possível de materiais naturais, e o sistema BIM possibilita o planejamento preciso da utilização desses materiais, dando uma visão geral de gastos com a obra e evitando desperdícios.
É muito fácil perceber essa otimização quando pensamos num projeto de arquitetura em bambu, por exemplo.
Imagine a quantidade desse material que será utilizado e suas várias funções: estrutura, fechamento, cobertura, acabamento, etc. O BIM proporcionaria uma previsão bastante realista e quantitativa do material a ser empregado para sua execução.
É igualmente interessante quando pensamos essa mesma ideia para uma parede de pau a pique. “Nossa, uma parede de pau a pique! Que atrasada! Nada a ver com uma tecnologia tão recente! ”, diriam algumas pessoas que nunca leram meus artigos (quem me acompanha já sabe que o pau a pique pode ser tudo, menos atrasado). Imagine então que você que vai construir sua casa de pau a pique e o arquiteto que você contratou passa para você a quantidade exata do bambu para fazer a malha de vedação da parede, tamanho e quantidade dos pilares estruturais e a quantidade da receita da massa de terra que será usada para fechar a parede e dar acabamento na mesma. Não é o máximo?
Isso nada mais é do que a tecnologia a favor da sustentabilidade, racionalizando um sistema construtivo milenar, que era praticamente artesanal e que hoje pode ser mecanizado e combinado com novos materiais.
Todo avanço tecnológico deve ser apropriado por aqueles que promovem a sustentabilidade, pois somente ela garante que quem realmente avance seja o ser humano.