O fogo é um fenômeno utilizado pelo homem para manejar a terra, porém é um importante agente de perturbação dos ecossistemas. O emprego do fogo é corriqueiro para facilitar o desmatamento de extensas áreas de cobertura florestal por ser rápido, popular e economicamente viável. Quando o fogo sai do controle do homem e atinge formações florestais, passa a ser denominado incêndio florestal e seus impactos são amplos e desastrosos, como devastação de florestas, morte de animais, destruição de propriedades particulares e reservas indígenas e transtornos sociais. Especialmente nas regiões tropicais, os incêndios florestais têm aumentado e não estão recebendo a atenção e investimento merecido. Com o aumento da temperatura global e desmatamento, incêndios florestais de maior intensidade podem se tornar ainda mais comum.
As áreas de proteção ambiental brasileiras, como Unidades de Conservação, são destinadas à manutenção da biodiversidade, abrigando diversidade em espécies arbóreas, animais ameaçados de extinção e populações tradicionais, além de serem reguladoras de ciclos hidrológicos e do clima. Essas áreas sofrem com o conflito de interesses de terra, principalmente para produção de pastagem e agricultura, sendo diretamente ameaçadas por incêndios florestais. Muitas vezes o perfil dos incêndios em áreas de proteção é reflexo das atividades de suas áreas vizinhas, como queima para limpeza, renovação de pastagem e incendiários (vandalismo). Existem causas que não são identificadas, porém as causas mais comuns no Brasil são antrópicas, como renovação de pastagem, fogos de recreação, operações florestais, sendo mais frequentes as causas de queima para limpeza e incendiários. O raio é a causa natural mais comum no Brasil.
Quando se conhece a origem do incêndio, a prevenção do mesmo é mais efetiva, pois é possível evitar a sua fonte de ignição. Atuar nas causas de incêndios florestais é atuar em sua prevenção. Associar as técnicas de prevenção ao período de maior ocorrência de incêndios é de fundamental importância para controle do fogo. Prevenir um incêndio, além de evitar suas consequências ambientais e sociais, é mais vantajoso economicamente do que combater.
A queima para limpeza é uma técnica de manejo do fogo permitida por lei mediante a aprovação de órgãos estaduais. Para aprovação da técnica, é necessário o conhecimento das condições climáticas e topográficas do local, além da utilização de equipamentos e técnicas de combate ao fogo e equipe treinada. Em épocas de seca esse manejo não é adequado pela facilidade do fogo sair do controle do homem, pois a vegetação está seca e as condições meteorológicas estão favoráveis para a sua propagação. Nesses casos, é importante o trabalho de conscientização ambiental e racionalização do uso do fogo em populações que utilizam a queima para limpeza em áreas vizinhas a áreas de proteção ambiental, além da fiscalização durante o emprego da técnica ou proibição da aplicação da queima por parte do órgão competente ao Estado em épocas inadequadas, sendo importantes outras ações de prevenção, como divulgação de índices de risco de incêndio, exigência de aceiros em locais de risco, equipamentos de combate e equipes técnicas de prontidão.
O incêndio florestal criminoso é delicado, pois é difícil de compreender as razões que levam um indivíduo a incendiar uma floresta, principalmente em época de seca. Os motivos podem ser vingança pessoal, político, interesse de produção em terras destinadas à conservação ou distúrbios psicológicos. O incêndio criminoso não deve seguir impune, sendo importante que os estados penalizem esses criminosos conforme a legislação para evitar futuros incendiários. Esse tipo de incêndio pode ocorrer em qualquer época do ano, porém, em condições favoráveis, a propagação do fogo é imediata. Trabalhos de educação ambiental e fiscalização também são importantes nesses casos, principalmente em épocas de seca. Já as causas de incêndios florestais naturais, como os raios, que ocorrem em épocas de alta umidade, não tomam grande intensidade devido às condições meteorológicas desfavoráveis à propagação do fogo, podendo ser imediatamente extintos pela chuva.
A estação seca, compreendida entre julho e outubro, é crítica para incêndios em grande parte do território brasileiro. Nessa época a fiscalização deve ser mais ativa e, além disso, já deve haver equipes de brigadistas de prontidão para o combate de incêndios. O investimento nos centros de controle ao fogo do país, como o Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e de Combate aos Incêndios Florestais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis/Ibama) é fundamental durante todo o ano, pois é importante o treinamento de equipes de combate, elaboração de relatórios de ocorrência e estudo do fogo para que a atuação em épocas de risco e em causas de incêndios seja efetiva. Brigadistas necessitam de grande condicionamento físico, de investimento em equipamentos de proteção individual e de combate, além do estudo e de técnicas de controle de incêndios. Incêndios de grande intensidade necessitam ainda de combate aéreo e maquinário pesado, o que aumenta o dispêndio financeiro de um combate.
Diante às conhecidas perdas de biodiversidade, à morte de animais, à contribuição do efeito estufa devido à liberação de gases da queima, ao desflorestamento, à poluição ambiental, aos danos respiratórios, ao transtorno no tráfego aéreo e terrestre, às despesas de combate, à destruição de terras indígenas e à morte de pessoas ocorridas pelo fogo sem controle, os incêndios florestais estão entre os maiores temas em discussão ambiental atual e negligenciá-lo é grave. Perante as principais causas de incêndios é necessário evitar ao máximo que elas ocorram, elaborando técnicas preventivas coerentes com a realidade de áreas vulneráveis e ao comportamento do fogo em áreas protegidas brasileiras. O efeito do fogo é destruidor e o aumento de sua frequência pode tornar seu impacto irrecuperável ao horizonte de vida humano.