Rodovias e desmatamento

Rodovias e desmatamento – O rodoviarismo

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Rodovias e desmatamento – A partir do século XIX, as constantes inovações nos ramos de transportes e comunicações permitiram maior dinâmica nas relações entre as sociedades, que estão cada vez mais interligadas. Podemos entender a organização do espaço geográfico mundial a partir dos estudos das redes de transporte, de comunicação, de informação e financeiras. Assim, o mundo está conectado em rede.

Com o advento da Revolução Industrial na Inglaterra, o sistema capitalista possibilitou os meios para o desenvolvimento e aprimoramento das redes em todo mundo. A produção capitalista depende da expansão mais eficiente das mercadorias para a obtenção de lucro cada vez maior. Não à toa, estamos observando novos inventos para facilitar a integração do mundo.

No Brasil, essa ideia não seria diferente, desde a chegada dos portugueses, a elaboração de uma rede de transporte e comércio foi o grande desafio. Quando analisamos a estrutura das redes geográficas no território brasileiro encontramos vários indicadores que dificultam a construção da estrutura física da rede.

Podemos levar em consideração o relevo, na construção das ferrovias que interligavam as áreas produtoras de café ao litoral, ultrapassar os grandes maciços rochosos no Sudeste foi um grande desafio de engenharia. Ainda na tentativa de implementação de uma rede ferroviária no Brasil, o desafio climático foi enorme durante a construção da Ferrovia Madeira-Mamoré em Rondônia, diversas pessoas morrem de malária durante as obras. Também devemos levar em consideração as dimensões continentais que o Brasil possui, construir redes que permitam a integração do território brasileiro exige planejamento e gestão.

Mas sabemos que o modelo ferroviário no Brasil foi substituído pelo rodoviário durante o século XX. Processo iniciado na Era Vargas, as estradas passaram a ser símbolo de um país moderno e integrado a partir da administração de Juscelino Kubitschek (1956-1961), com o seu lema de “50 anos em 5” a construção de estradas passou a ser a cara de um país que de industrializava. O Brasil termina o século XX tendo o maior parque industrial da América Latina, sendo área estratégica na hegemonia estadunidense no mundo.

O automóvel se tornou símbolo de status social no país, era necessário construir no imaginário do brasileiro a importância de ter um carro. Sem essa mudança social seria impossível sustentar a indústria que se consolidava no Brasil, era importe criar uma mentalidade consumira na população. O consumo era muito reduzido e alguns produtos era restrito, como o exemplo do carro.

Até os dias de hoje, as cidades brasileiras são estruturadas a partir do sistema rodoviário, que já se mostrou muito falho, são os altos custo de manutenção das estradas, poluente e gera enormes engarrafamentos. Ainda neste século XX, o rodoviarismo é presente no plano de integração do território brasileiro, neste caso vamos apontar a relação com o avanço do arco de desmatamento na região amazônica.

Rodovias e desmatamento: O plano rodoviário na Amazônia

A rede de transporte na região sempre se deu através das hidrovias, a presença da maior rede hidrográfica do mundo facilitou essa escolha. Desde a ocupação dos indígenas e a chegada dos portugueses, a escolha pelos rios era a melhor opção devido à dificuldade de penetrar pela parte seca do território.

Ainda nos dias de hoje, o uso de embarcações pela população é a principal forma de locomoção entre as localidades, sendo elas ribeirinhas ou grandes centros. Concentrada no estado do Pará, o Corredor Norte (sistema hidroviário) tem se consolidado como a melhor opção para o escoamento da produção da região Centro-Oeste, e segue expandindo a cada ano. Os portos do Arco Norte continuaram sendo a principal opção logística para escoamento de grãos originados no Mato Grosso, sendo responsáveis por 51% do volume total exportado no ano, segundo levantamento da Hidrovias do Brasil.

Mas as rodovias vêm se estabelecendo como um meio de avançar o desmatamento na região amazônica, ao observar imagens de satélites do Google Earth e MapBiomas observa-se que a expansão do desmatamento ocorre pela presença de estradas. As rodovias são cercadas por grandes latifúndios, muitos desses responsáveis pelo desmatamento da floresta.

Nos últimos meses ganhou destaque a abertura de licenciamento para obras de pavimentação da rodovia que liga as capitais Manaus e Porto Velho, a BR-319. Em pesquisa desenvolvida por Fearnside et. al. (2009), o propósito da rodovia, que é transporte da produção das fábricas da Zona Franca de Manaus para São Paulo, seria mais bem atendido enviando os contêineres para Santos em navios. A falta de uma ligação terrestre atualmente representa uma barreira significante à migração para Amazônia central e do norte. O discurso relativo à reconstrução da rodovia sistematicamente superestima os benefícios da rodovia e subestima seus impactos, particularmente o efeito de facilitar migração do “Arco de Desmatamento” da parte sul da região amazônica para novas e mais distantes fronteiras ao norte.

Desenvolver a infraestrutura do país é mais que necessário, mas deve ser feito com responsabilidade. Tivemos em nosso passado vários exemplos de obras que se tornaram verdadeiros desastres ambientais, alguns irreversíveis, portanto, a proteção da floresta amazônica passa por melhor entendimento da dinâmica local, propostas de intervenções com  grandes obras podem trazer mais danos que benefícios.

Saudações Geográficas

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