Recentemente publiquei um artigo científico fruto de um estudo sistemático e integrativo sobre a conexão entre Sustentabilidade Urbana e ESG – Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança). Pois bem, vamos analisar um pouco sobre essa questão.
Conforme apontei em uma coluna anterior (esta), a Sustentabilidade Urbana se caracteriza como uma estratégia de concretização dos próprios Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, e do Direito à Cidade. Mas então, por qual motivo essas políticas não são postas e propostas no cenário da gestão urbana?
Bom, essa pergunta evidentemente carece de uma resposta exata e até mesmo sintetizada. Contudo, existem ponderações a serem feitas, por exemplo, como ocorre o processo de instituição das políticas urbanas, ou ainda, como ocorre o processo de produção e reprodução do espaço urbano?
Aqui, reside uma hipótese, que inclusive foi utilizada para nortear o trabalho já mencionado. Trata-se de compreender as necessidades e particularidades que cada cidade possui. Logo, é necessário viabilizar diagnósticos mais precisos, e sobretudo, entendendo que para o alcance da Sustentabilidade Urbana, não basta somente subsidiar áreas verdes considerando contemplada a nuance ambiental. Ou ainda, fornecer moradia, contemplando a nuance social.
É necessário que a gestão das cidades, logicamente os gestores e promotores da Política Urbana, pensem e articulem projetos a partir da Governança. Sim, da Governança. Não há como apontar resultados de sucesso em políticas urbanas que visem alcançar a Sustentabilidade Urbana, sem conectar-se à premissa da Governança.
Vale lembrar que, quando falamos em Política Urbana, estamos a falar de uma política pública por excelência, tratada pela Constituição Federal, sendo, portanto, uma política tríplice, de Gestão, Execução e de Fiscalização. Logo, qual a melhor forma de pensar e planejar os aspectos da Política Urbana para alcance da Sustentabilidade? Uma, e talvez assertiva mais adequada e coerente, é alinhando-se aos preceitos do ESG.
Recordemos o relatório “Who Cares Wins” de 2005? Pois é, nesse relatório traduzimos os ideários empresariais de que, quem se importa com (meio ambiente e a sociedade de forma bem gerida) o seu negócio lucra mais, ganha mais, alcança maiores e melhores resultados. Embora as cidades não sejam empresas, e a Gestão Pública não seja privada. Pensar sistematicamente e estrategicamente, pode, sem dúvidas, promover os mesmos resultados. Afinal, estamos a falar no Resultado e não na estrutura (atividade econômica ou não).