Mineração de Terras Raras - INBS

Terras raras – O “petróleo” do século XXI?

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Terras raras – Estamos sempre ouvindo, lendo e falando sobre os fatos e acontecimentos da geopolítica do petróleo, ainda somos uma sociedade que consome petróleo e seus derivados e qualquer fato que afete o preço desta commodity, possui forte repercussão internacional. Estamos vivenciando desde 2022 a guerra na Ucrânia, evento este que tem um dos seus elementos explicadores a relação do gás e petróleo russo com a Europa. Nas aulas de geografia nas escolas, a geopolítica do petróleo é abordada nas crises da década de 1970, a relação entre as sete irmãs e a OPEP.

 

O século XX, de fato, foi a era do petróleo, as grandes potências buscaram dominar as melhores reservas pelo mundo, com destaque para o Oriente Médio. Mas com o avanço da tecnologia no século XXI, a demanda por energia elétrica aumentou, novas fontes foram desenvolvidas. A pressão ambiental exigiu que o mundo iniciasse uma transição energética para energias renováveis mais limpas, como a solar e eólica.

 

Para possibilitar o continuo desenvolvimento destas tecnologias, novas explorações minerais no mundo aconteceram. Neste caso, entra o contexto dos minerais de terras raras. Mas o que seriam esses minerais?  Vamos tentar fazer uma breve análise sobre este tema que vem ganhado importância neste século.

 

Tipos de terras raras:

 

Segundo a União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC), as Terras Raras são um grupo de 17 elementos químicos, correspondendo a escândio (Sc), ítrio (Y) e os 15 elementos lantanídeos. Embora tenham esse nome, esses minerais são abundantes na superfície terrestre, o que faz levarem esse nome é o fato de não serem encontrados em grande quantidade ou estarem misturados com outros minerais.

 

Esses minerais possuem importantes propriedades na cadeia produtiva industrial moderna, são usadas numa série de aplicações tecnológicas, como lâmpadas de LED, lasers, superímãs (presentes nos discos rígidos de computadores e motores de carros elétricos), painéis solares, baterias e na separação de componentes do petróleo.

 

O país com a maior reserva comprovada de terras raras é a China, com 44 milhões de toneladas. O Brasil está empatado com o Vietnã, com 22 milhões, depois vem à Rússia, com 12 milhões,  Índia, com 6,9 milhões, e Austrália, com 3,4 milhões. Mesmo com grandes reservas, o Brasil não é um produtor desses minerais, pois é necessário um domínio tecnológico avançado para deixa-los aptos ao uso industrial. O destaque fica para a China, maior produtor mundial, e Estados Unidos.

 

Geopolítica das terras raras:

 

A tão falada transição energética e a descarbonização do mundo passa pelo domínio desses minerais, a indústria de alta tecnologia que produz energia mais limpa é a principal consumidora. Não a toa, as duas grandes potências econômicas da atualidade estão disputando a influência destas áreas. Mesmo a China possuindo a maiores reservas, não é suficiente para abastecer uma indústria crescente que demanda cada vez mais de matéria-prima.

 

Um dos movimentos separatistas que vem se fortalecendo no mundo é o que está acontecendo em Xijiang na China. Região que faz fronteira com a Ásia Central, os povos uigures são culturalmente distintos dos chineses do Extremo Oriente.

 

Por que essa região vem ganhando importância? Além de ser um braço da China para uma região importante da Ásia, é uma área de grandes riquezas, como os minerais de terras raras. Foi extremamente calculado o posicionamento do governo chinês em relação à volta ao poder do Talibã no Afeganistão, não condenando o golpe realizado e possibilitando uma abertura de diálogo. Mesmo o Talibã não possuindo braços nessa região chinesa, um descontentamento do povo uigur com o poder central chinês não impediria uma aproximação com o Talibã.

 

E o meio ambiente?

 

Mesmo sendo fundamental para o desenvolvimento de tecnologia mais sustentável, a exploração desses minerais podem não ser tão ecológicas assim. A mineração exige uma elevada concentração de produtos químicos para a separação dos elementos necessários. Uma não adequação do armazenamento desses resíduos pode levar a uma conta sem precedentes a natureza.

 

Para cada tonelada exploração de terras raras é produzido 13 kg de poeira, 9600m³ de gás residual, 75m³ de água residuais e uma tonelada de resíduos radioativos. No geral, para cada tonelada de terra rara são produzidos 2 mil toneladas de resíduo tóxico.

 

Sendo assim, as práticas de ESG e consultorias ambientais são fundamentais para a realização dessa exploração.  Damos muita atenção aos resíduos da exploração mineral tradicional, não podemos deixar essa área de fora, porque assim as tecnologias sustentáveis não serão tão verdes assim.

 

Saudações Geográficas

 

Referências:

Geografia em Meia Hora (podcast)

Jornal da USP (artigo de Júlio Bernardes)

IUPAC (União Internacional de Química Pura e Aplicada)

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