O sucesso de um país na concorrência capitalista por mercados depende de fatores como a adaptação das tecnologias ao público alvo. A efetiva adequação do produto ao mercado expressa vantagens como facilidade de diversificação e expansão, redução dos custos e maior aceitação por parte dos consumidores. Assim, a adaptabilidade conduz negócios mais sólidos, uma vez que são ajustados à realidade do país em que operam.
No Brasil, é comum ouvirmos o termo tropicalização, uma vez que grande parte das adaptações tecnológicas ocorre de fora para dentro dos trópicos. Assim, as linhas geográficas imaginárias auxiliam no entendimento das alterações necessárias para as demandas de países intertropicais. Contudo, há uma resistência ao fenômeno de tropicalização.
Diferentes empresas visando vencer o desafio de atuação global tentaram centralizar operações e padronizar produtos, sem considerar, por exemplo, particularidades de produção, câmbio e legislação. A necessidade da tropicalização pode ser exemplificada por cases de insucesso de multinacionais como a Avon, KFC e Walmart que despenderam recursos até a adaptação ao ambiente brasileiro. Assim, as incertezas são reduzidas pela tropicalização.
Na metodologia de transferência e tropicalização tecnológica é importante a realização da investigação geográfica no local de origem da tecnologia e do local de destino, para a identificação das principais diferenças existentes. O êxito na aplicação do conceito costuma ser intensificado quando neste processo, há associação entre empresas, onde ocorre a combinação de um lado do compartilhamento do conhecimento sobre a tecnologia – em uma espécie de think tank – e do outro, com o uso da operacionalidade e capilaridade no mercado a ser desenvolvido.
Conforme descrito por Mauricio Queiroz, globalização precisa levar a localidade em consideração, pois mesmo marcas com conceito global, quando desembarcam em outros países necessitam de uma tropicalização, tanto no âmbito técnico (normas, materiais, requisitos e aprovações legais) quanto na cultura local (adaptar o “DNA” da marca às necessidades, desejos e costumes dos novos consumidores).
Recentemente, estudos demonstraram que a tropicalização pode afetar diretamente no preço das mercadorias e no equilíbrio do mercado, uma vez que os preços se tornam mais competitivos à medida em que há mais opções de produtos. Sob este cenário, as empresas brasileiras têm grande vantagem sobre os concorrentes por conhecerem o mercado e suas limitações, e assim, serem capazes de buscar soluções mais rápidas e eficientes.
Dentre os potenciais no mercado brasileiro para a tropicalização, encontram-se as tecnologias voltadas para a produção de energia. No setor elétrico, muitos países como o Brasil buscam a diversificação de sua matriz energética através da inclusão de fontes renováveis de energia. O biogás, responsável por 35% da geração bruta de eletricidade na Alemanha, tem sido alvo constante de tropicalização pelo Brasil, tanto pelo setor agroindustrial quanto devido as condições climáticas e operacionais favoráveis.
Ao que tudo indica, a tropicalização tecnológica será ferramenta para um futuro mais eficiente e sustentável.