Todo ser humano pertence a um espaço, lugar ou território. Não me refiro apenas à nacionalidade ou naturalidade, mas às terras das quais participamos, em distintos níveis de “aproximação”.
Se vivo em uma casa no município de Goiânia, posso chamar de “minhas terras” (com diferentes significados) tanto a área de minha propriedade, quanto o que a circunda, visto que está inserida em uma cidade que é parte de uma microrregião, um estado, uma região e um país em um continente da Terra. Semelhantemente, se vivo em uma fazenda, também pertenço e faço parte de regiões territoriais delimitadas, com menores ou maiores complexidades.
Portanto, aqui utilizarei a expressão “nossas terras” com os seguintes significados – retirados do dicionário Michaelis: a. extensão de terreno que pertence a uma pessoa; b. conjunto de habitantes de certa região; c. extensão considerável de terreno; d. porção de território nacional ou estrangeiro com limites definidos.
Nossas terras compartilhadas
Penso que você irá concordar comigo que falar de “nossas terras” soa um tanto quanto complexo. Digo isso porque nosso pertencimento a um espaço não é algo solitário, mas compartilhado. Geralmente “nossas terras” são um conjunto de pequenos territórios que quando agrupados se tornam extensos e são divididos com outros seres (até mesmo no menor nível de escala). As terras – municipais, estaduais, regionais, nacionais – são, portanto, sempre vivenciadas em comunidade.
Quando isso acontece, surge a necessidade que este espaço seja administrado, gerenciado, legislado, monitorado – e isso pode ser feito por vários tipos de profissionais, pois envolvem saberes distintos. A princípio, para que esse gerenciamento funcione, é necessário compreender do que se tratam essas terras e a enormidade de fatores que estão relacionados a esses espaços supercomplexos, o que abrange perguntas como:
- Quais são as principais características dessas nossas terras? (Envolve os tipos de solos, a vegetação, os rios, as chuvas, a irradiação solar, os tipos de atividades realizadas ali, as outras cidades estabelecidas na região e infinitos fatores que nos permitamos explorar);
- Quais seres vivos dividem espaço nestas terras? (Envolve os seres humanos e suas necessidades, os animais e suas atividades, a vegetação e suas atividades e os seres vivos invisíveis a olho nu que se abrigam nos solos, nas águas e até em nossas casas);
- Como administrar e gerenciar essas terras de um modo justo e produtivo? (Envolve a distribuição das terras, as atividades realizadas pelos humanos e outros seres vivos – bem como suas necessidades, terras com usos especiais e territórios urbanos).
Influências das terras e vice versa
Essas características – próprias das terras ou modificadas ao longo do tempo, exercem influência em nosso cotidiano, mesmo que muitas vezes passem despercebidas. Experimentamos essa influência em situações como:
a. Os tipos de métodos que utilizamos na construção civil, que podem depender, por exemplo, do nível de água do lençol freático naquela região; b. A recorrência de alagamentos em áreas urbanas, dependente de fatores como a impermeabilização do terreno; c. A escassez de água potável mais ou menos recorrente, dependente do tipo de regime hídrico dos rios que abastecem as populações; d. A beleza cênica de determinados locais, que dependem do grau de preservação/conservação das paisagens naturais; e. A produção e consumo de alimentos distintos em cada região, que podem ser relacionados às altitudes, desníveis e características físico-químicas do solo.
Essas e outras situações nos levam a perceber a relação de influência e interação que existe entre a vida humana e as terras onde habitam, deixando clara a necessidade de conhecermos nossas terras.
Mapear para conhecer
A melhor notícia – antiga, porém sempre em atualização – para administradores/legisladores/gestores e até mesmo para nós, moradores das nossas terras, é que cada uma dessas características citadas pode ser observada “de cima”.
Para isso, existem máquinas criadas para gerar imagens remotas de nossos territórios, em alta, média e/ou baixa resolução, desde aquelas que estão a milhares de quilômetros de nós, os satélites, até as que atuam mais próximas do solo, como os drones. Essas imagens estão agrupadas em inúmeros bancos de dados, de órgãos e instituições diversas, e – algumas – podem ser acessadas em sua versão mais simples gratuitamente. Já para ter acesso às imagens utilizando todos os dados que as acompanham e que são úteis para os mapeamentos, faz-se necessário ao menos o conhecimento básico dos softwares que as processam.
De qualquer forma, as observações provenientes das imagens nos permitem conhecer nosso território remotamente, sem sair do lugar, e realizar análises das mais simples às mais exigentes, dando subsídio para o planejamento ambiental de territórios sustentáveis.
Uma coluna sobre nossas terras brasileiras
Baseado no exposto acima e partindo da necessidade de que o brasileiro tenha conhecimento das terras às quais pertence para a promoção da proteção ambiental, essa coluna se propõe a trazer abordagens para questões como:
Que tipo de terras são as do Brasil? Que usos são feitos delas? Quais são suas principais características? Como estão distribuídas? Qual é sua importância no território? Como se tornam sustentáveis? Como conhece-las? Como os mapeamentos podem nos ajudar nisso? Quais são os métodos utilizados e como utilizá-los?
Tem interesse em conhecer mais as nossas terras? Aqui na coluna teremos mais!